Ela está sempre na ponta esquerda do grande sofá rosa do estúdio do Saia Justa. É de lá que toda quarta-feira Bela Gil dá seus pitacos sobre os mais variados assuntos, ao vivo, no programa do GNT, ao lado de Astrid Fontenelle, Gabriela Prioli e Larissa Luz.
No Saia Justa desde o começo do ano, ela enxerga seu papel como um contraponto ao das outras apresentadoras para chacoalhar o debate com assuntos que ninguém traz – mesmo que, às vezes, o protagonismo possa ser de Prioli e Fontenelle, que já entraram em uma pequena discussão.
Bela diz que não foge de assunto algum mas não curte o embate. O debate, sim, a atrai. “Tento ter uma certa leveza na hora de dar minhas opiniões, de expor minhas ideias”. Ela sabe que uma palavra mal colocada pode gerar uma chuva de haters, por isso redobra o cuidado. Acostumada a ser alvo constante de críticas, diz que ser formada na “escola da porrada” a calibraram.
Recortes e trechos editados no programa não faltam nas redes sociais e em sites de notícias. Mas, para a cozinheira, os comentários por trás das telas frias não merecem tanta preocupação. É chato ser criticada, virar piada? Pode ser. Mas ela diz que tem coisas mais importantes para se preocupar.
“Não levo a repercussão nas redes sociais muito a sério, é uma forma também da sociedade se defender, uma coisa meio ‘Ela é louca, não estou fazendo nada de errado, ela que é maluca'”, exemplifica. Para Bela, além das discordâncias nos temas alimentação e feminismo, os comentários dos haters tomam como base sua postura no programa.
Postura mesmo, no sentido literal: o jeito como se senta, como se porta. “Muitas vezes temos que nos masculinizar. Eu tenho esse jeito moleca, sento com a perna cruzada. O que falo desse jeito leve e com risos pode descredibilizar também, tipo ‘ela não sabe o que fala’. Se eu sentasse lá de blazer e calça social, ou fosse uma mulher branca, talvez não virasse piada.”
Quem a vê sempre com o sorrisão no rosto, cercada por parentes incríveis e com um modo de vida extremamente saudável, talvez pense que o estresse passa longe dali. Que nada. Filhos, palestras, os programas, a administração de seus restaurantes (o mais recente é o Camélia Òdòdó, na Vila Madalena, em São Paulo) quase a levaram a um esgotamento.
“Por pouco não cheguei ao burnout”, diz. “Estou sempre no quase lá. Começo com uma ansiedade, achando que não vou dar conta. Quando eu penso isso, é porque realmente não estou. E aí é o momento de pedir ajuda, falar é necessário”, conta. É aí que entra a terapia, que ela considera fundamental para o seu equilíbrio emocional.
Mãe de Flor Gil, de 14, e Nino, de 6, frutos do relacionamento com JP Demasi, de quem se separou em janeiro deste ano após 19 anos de casamento, ela também viaja com a família por diferentes países e as crianças participam dos shows ao lado do avô, Gilberto Gil, dos tios e tias.
São muitas viagens, o que dificulta a rotina da alimentação saudável e natural que ela prega, a comida caseira da qual é a maior defensora. Bela diz que os filhos seguiram pelo mesmo caminho não por imposição, mas por meio do exemplo e da observação. “Minha filha fica doida quando fica dois dias sem ver um verde, esses dias meu filho me ligou e disse que comeu um pratão de salada na Europa.”
Ela nega ser rígida no controle do que entra na cozinha de casa, mas tudo tem um limite: processados, refrigerante e leite condensado são proibidíssimos. “Se sua dieta é baseada em miojo, salgadinho e leite condensado, realmente alguma coisa vai dar ruim.”