O tetracampeão mundial de boxe Acelino “Popó” Freitas anunciou oficialmente sua aposentadoria dos ringues nesta segunda-feira (7), durante uma entrevista coletiva do Fight Music Show 7. Aos 50 anos, o baiano foi atração das seis primeiras edições do evento, mas decidiu encerrar sua trajetória como lutador após os desdobramentos da polêmica luta contra Wanderlei Silva, ocorrida no Spaten Fight Night, no fim de setembro.
Inicialmente escalado para enfrentar Diego Alemão na sétima edição do FMS, Popó ficou fora do card após passar por uma cirurgia na mão direita, consequência da briga generalizada entre sua equipe e a de Wanderlei. Na coletiva, ele anunciou a nova luta principal do evento, entre Davi Brito e Sacha Bali, e aproveitou o momento para um desabafo comovente e o anúncio da aposentadoria.
“Você não tem ideia de como foi vergonhoso para mim. Substituir alguém para o evento acontecer, não pelo dinheiro — eu não preciso do dinheiro — e passar por aquela humilhação… Aquilo foi uma das piores coisas da minha vida como lutador. E esse é um dos motivos pelos quais estou aqui hoje para dizer que o boxe acabou para mim”, declarou, emocionado.
Visivelmente abalado, Popó afirmou que jamais havia saído ferido de uma luta oficial, e que a agressão sofrida fora das regras do esporte foi determinante para sua decisão. Ele reforçou que não tem mais nada a provar, e que pretende agora dedicar-se à família e à organização de eventos, ao lado de Mamá Brito e Cremilda Thome, responsáveis pelo Fight Music Show.
“Tenho 50 anos, acabei de fazer 50 anos. Foram 35 anos tomando soco na cara. E o saco de pancada, quando leva muito soco, uma hora a gente tem que trocar. Imagine a cabeça de um ser humano. Quero preservar minha saúde, quero viver bem, curtir meu neto. Não quero que digam um dia: ‘Olha ali, o boxe deixou aquele cara maluco’. O meu esporte é bonito, é digno, é saudável. Mas tudo tem um começo, meio e fim. E hoje chegou o meu fim no boxe.”
Durante seu pronunciamento, o pugilista relembrou a origem humilde, falou sobre sua relação com o pai e comparou sua decisão à famosa “saideira” do alcoólatra — aquela que nunca é realmente a última. Segundo ele, é hora de manter a palavra e encerrar, de fato, um ciclo.
“Eu sei o que é dizer que é a última e voltar atrás. Vi isso com meu pai. Mas hoje, diante de toda a mídia, eu afirmo: não volto atrás. A palavra dada não volta. Eu parei aqui hoje. Obrigado!”
Com um cartel impressionante de 42 vitórias em 44 lutas — 34 delas por nocaute —, Popó encerra uma carreira vitoriosa e histórica no boxe mundial. Na coletiva, ele ainda fez um apelo aos atletas do FMS 7 para que evitassem provocações e atitudes violentas durante as tradicionais “encaradas” do evento.
“Vamos selar a paz hoje? Vamos fazer diferente? Olha no olho do adversário, mostra que você é f*, mas sem empurrão, sem desrespeito. Vamos dar um exemplo para o boxe brasileiro.”
A despedida foi marcada por lágrimas, aplausos e reverência. Ídolo do esporte nacional, Popó deixa os ringues com o respeito de fãs, atletas e organizadores, encerrando sua trajetória dentro das cordas, mas prometendo seguir contribuindo para o crescimento do boxe no Brasil — agora, fora delas.
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