O pernambucano João Gomes, 23, foi eleito Homem do Ano na Música pelo Men of The Year, da GQ Brasil.
O QUE ACONTECEU
Apesar de inúmeras conquistas, ele recordou um episódio em que, ao pedir água durante um ensaio em um dia quente, ouviu alguém brincar sobre o fato de sua equipe ser nordestina. “Pensei: ‘Caramba, velho, foi isso mesmo?’. A gente precisa fazer a nossa parte através da música e ganhar nosso espaço, assim como Gonzagão fez. Mas sempre foi difícil. Sempre vão nos menosprezar por causa da ignorância. As pessoas pensam que, de onde viemos, é só mato. Então, devemos continuar falando de coisas positivas”, contou ele ao veículo.
No último ano, João passou por uma “reeducação para colocar a cabeça no lugar”, com sessões de terapia e uso de medicamentos psiquiátricos. Para ele, essas ferramentas são essenciais: “Ano passado estava muito mais preocupado, aflito. nesta segunda-feira (24) estou muito mais feliz, confiante e em paz”, afirma.
Para quem acompanha sua carreira meteórica, pode ser difícil dimensionar o impacto de sua trajetória em tão pouco tempo. Com 23 anos, João já cantou no Grammy, lota shows pelo Brasil, acumula 9,4 milhões de ouvintes mensais no Spotify e tem clipe com 368 milhões de visualizações no YouTube. Em 2019, suas postagens no Instagram mostravam momentos em Serrita, sua cidade natal, ou a rotina no curso técnico em agropecuária no Instituto Federal do Sertão Pernambucano, em Petrolina.
João mantém forte ligação com suas raízes do sertão, mas foi o hip-hop que abriu sua relação com a literatura. “O hip-hop me levou para o caminho da literatura. Comecei a ir atrás das referências de que os caras falavam nas músicas”, explica. Assim descobriu Belchior e Charles Bukowski, cujas obras devorou em busca de inspiração.
A escrita tem papel central em sua vida. Ele compõe declarações de amor para a esposa, a influenciadora Ary Mirelle, e recita poemas para lidar com crises de ansiedade. Planeja lançar um livro de poemas em março de 2026, além do DVD gravado em outubro, que reuniu 80 mil pessoas nos Arcos da Lapa. “Escrever é uma coisa que pode acontecer quando nada mais pode. Há certas coisas que são muito internas, alguns sentimentos ainda muito reprimidos. A escrita acaba explodindo de mim, é minha amiga mais pessoal”, afirma.
Seu filho primogênito, Jorge, de quase 2 anos, inspirou a canção “Meu Filho Jorge”, lançada em 14 de novembro. “Eu ficava pensando: ‘Meu Deus, o que que eu posso ensinar para ele?’. Vejo o Marcelinho, filho da Veveta (Ivete Sangalo), um menino bem tranquilo, educado, talentoso e carinhoso, e penso: ‘Poxa, será que meu filho vai ser assim também?'”, reflete. Em setembro, nasceu Joaquim, seu segundo filho.
Mesmo com a vida acelerada, Gomes já projeta 2026 como um ano de ainda mais criatividade. Comprou um escritório no Recife, seu “cantinho da criatividade”, onde trabalhará com o coletivo Delírio, parceiro de Dominguinho.
Ali, será guardado seu primeiro troféu do Grammy. “Estou em uma vibe muito positiva sobre o meu futuro. Sinto que tem um bocado de coração conectado ao meu”, comemora o cantor.



