A operação policial realizada nesta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, com mais de 60 mortes confirmadas, tornou-se a mais letal da história da região metropolitana fluminense.
Os dados são do Geni-UFF (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense) e foram atualizados após a entrevista coletiva do governador Cláudio Castro (PL), que apresentou um balanço da ação. O grupo reúne informações sobre operações policiais no estado desde 1989.
Batizada de Operação Contenção, a ação supera o massacre do Jacarezinho, em maio de 2021, que deixou 28 mortos — entre eles, um policial. Três das quatro operações mais violentas já registradas ocorreram sob o governo de Castro.
A terceira mais letal, até então, havia sido uma incursão no Complexo da Penha, em maio de 2022, que terminou com 23 mortos, todos civis.
Objetivo da operação
De acordo com o governo estadual, a ação desta terça tinha como objetivo conter a expansão territorial do Comando Vermelho. O plano previa o cumprimento de 69 mandados de prisão em 180 endereços. Castro classificou a operação como “a maior da história das forças de segurança do estado”.
O governo informou ainda que criminosos utilizaram drones para lançar explosivos contra equipes policiais e moradores, numa tentativa de retardar o avanço da operação. Também foram erguidas barricadas em diversas vias para impedir a entrada das forças de segurança.
Histórico de chacinas policiais
Segundo levantamento do Geni-UFF, 707 chacinas policiais foram registradas na região metropolitana desde janeiro de 2007, resultando em 2.865 civis e 29 policiais mortos. O grupo define como chacina toda ação policial com mais de três vítimas civis.
O levantamento não inclui massacres como os de Vigário Geral (21 mortos, em 1993) e da Baixada Fluminense (29 mortos, em 2005), praticados por policiais ligados a grupos de extermínio, e não em operações oficiais.
Em nota, o Geni-UFF afirmou que a operação desta terça “confirma a assustadora tendência do governo estadual e de suas forças policiais de realizar um número crescente de chacinas com quantidades inaceitáveis de vítimas”.
Críticas de pesquisadores
Para o pesquisador Daniel Hirata, coordenador do Geni-UFF, uma ação com tantas mortes “só pode ser qualificada como desastrosa”.
Ele reconhece que o avanço territorial de facções como o Comando Vermelho precisa ser contido, mas ressalta que as operações policiais têm se mostrado ineficazes e pouco estratégicas.
“São ações pontuais, com baixo planejamento e desvinculadas de outras políticas públicas”, afirma Hirata. “Não se pode considerar uma operação com tantos mortos bem-sucedida. Além das mortes, há o cenário de terror: escolas e postos de saúde fechados, pessoas feridas e trabalhadores impedidos de sair de casa. Tudo isso é intolerável em um regime democrático.”
Ocorrências com mais mortes no Estado do Rio
Ranking Ocorrência Mortos Local e Data
1 Operação Contenção +60 (em atualização) Penha e Alemão (outubro/2025)
2 Massacre do Jacarezinho 28 Maio/2021
3 Vila Cruzeiro / Vila Operária, Duque de Caxias 23 Maio/2022 / Janeiro/1998
4 Complexo do Alemão 19 Junho/2007
5 Complexo do Alemão 16 Julho/2022
6 Fallet/Fogueteiro / Senador Camará 15 Fevereiro/2019 / Janeiro/2003
7 Complexo do Alemão 14 Maio/1995
8 São Gonçalo e Salgueiro / Catumbi / Morro do Vidigal / Complexo do Alemão 13 2023 / 2007 / 2006 / 1994
9 Complexo do Alemão / Itaguaí e Vila Ibirapitanga / Vila Isabel 12 2004 / 2020 / 2009
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