Copacabana já foi palco de inúmeros filmes, novelas e peças teatrais, a ponto de muitos acreditarem que o bairro carioca já tenha esgotado sua capacidade de fornecer inspiração para a ficção. No entanto, o longa A Lista prova que o local ainda possui personagens em abundância para inspirar artistas de todas as áreas.
Baseado em uma peça escrita por Gustavo Pinheiro, que conhece Copacabana como ninguém, o filme tem como protagonista Laurita, interpretada por Lilia Cabral. A personagem é uma copacabanense aposentada, sem papas na língua, que adora falar sobre a vida dos outros e, principalmente, reclamar dos vizinhos.
Sua solidão se torna ainda mais profunda durante a pandemia, quando ela se vê obrigada a se relacionar com uma jovem moradora do mesmo prédio. A personagem de Giulia Bertolli, filha de Cabral na vida real, é bem diferente de Laurita, mas se oferece para fazer as compras da idosa, enquanto ela permanece isolada no apartamento à espera do fim da fase crítica da pandemia.
Claro que conflitos surgem, mas o convívio entre as duas personagens permite que Laurita se abra para uma nova forma de encarar a vida. “Quando você tem uma boa história, não importa se o personagem tem 15, 22, 60 ou 80 anos, porque vale a pena ser contada. E não é porque tenho mais idade, que a personagem precisa falar coisas profundas. Não! Laurita não mudou, ela apenas vê as coisas de maneira diferente”, diz Cabral, que tem 67 anos.
A jovem Amanda, vivida por Giulia Bertolli, é um dos maiores destaques do filme, que foi adaptado para o formato cinematográfico após ser originalmente apresentado ao público no formato live em 2020, durante a pandemia real. O sucesso da experiência levou a uma longa temporada de apresentações teatrais, que agora dá origem ao filme.
No entanto, A Lista não será lançado nos cinemas, sendo exibido diretamente na TV, na “Tela Quente”, da Globo, na próxima segunda-feira (17). O filme é uma produção dos Estúdios Globo, com exibição prioritária na emissora e suas plataformas.
José Alvarenga Jr., diretor do longa, comenta: “A experiência coletiva de assistir a um filme no cinema é incomparável. Mas a televisão tem a vantagem de proporcionar um retorno imediato. No dia seguinte, todo mundo vai falar sobre o seu trabalho, e isso é muito bonito.”
A ideia de transformar a peça em filme surgiu quando Alvarenga assistiu à montagem e já percebera a relevância do conteúdo durante a pandemia. “Na época, quando você pagava o ingresso online para assistir às duas, havia um grito de urgência. Lilia estava em evidência, porque a Globo não produzia novelas e reprisou Fina Estampa. Mas a personagem não tinha o calor do momento, e Lilia estava angustiada. Então, elas fizeram a peça online para expressar o que estavam vivendo naquele instante.”
Durante as filmagens, a equipe passou por um susto. Tony Ramos, que interpreta o par romântico de Laurita, enfrentou um grave problema de saúde, que afetou o cronograma das gravações, mas que teve um final feliz com o retorno do ator, já recuperado.
Ramos relembra o susto: “Eu só me lembro de acordar em uma UTI, depois de duas cirurgias em 48 horas. Foi um hematoma subdural”, explica o ator, que passou 45 dias em repouso após o ocorrido.
Lilia Cabral lembra com afeto os dias de preocupação. “A gente tinha gravado uma cena e, no dia seguinte, íamos continuar. Aí, de repente… Como assim? Um piano caiu em cima da pessoa e tudo acabou? Aquela situação fez a gente repensar muita coisa”, afirma a atriz.
Ramos também pôde sentir a demonstração de carinho do público. “Minha interação com o público é direta. Um frentista de posto de gasolina me disse: ‘Você não imagina o quanto rezamos por você. Conhecemos sua história através de você!’ Recebi depoimentos das pessoas mais inesperadas, o que é uma prova de afeto enorme, mesmo sem redes sociais.”
Cabral compartilha: “Esperamos o retorno dele, mas, mais do que um colega de trabalho, esperávamos o retorno de um amigo, um amigo do Brasil.”
@midiafestof
