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Contas do Vaticano no vermelho preocupam papa Francisco no hospital

O Vaticano espera receber 32 milhões de turistas e peregrinos em 2025, durante o Jubileu, um evento que ocorre a cada 25 anos e que é celebrado há sete séculos. Esse intervalo de tempo pode ser medido em papas: em 2000, o pontífice era João Paulo II. O Jubileu é uma das principais apostas do Vaticano para enfrentar o déficit financeiro de seu microestado, com 440 mil m² e uma população estimada de mil habitantes, onde está localizado o comando da Igreja Católica, em Roma.

No meio de sua internação para tratar de uma pneumonia dupla e de um quadro de saúde mais delicado do que o registrado em seu papado, o papa Francisco anunciou a criação de uma comissão encarregada de organizar e estimular doações para a Santa Sé.

O quirógrafo, documento papal escrito à mão, de enorme importância no direito eclesiástico, foi divulgado na quarta-feira (26). Ele traz a data de 11 de fevereiro, três dias antes da hospitalização de Francisco, e o fato de ter sido tornado público neste momento carrega um significado especial.

As finanças da Santa Sé têm sido uma preocupação constante do papa desde sua posse. Três meses após ser eleito pontífice no conclave que sucedeu a renúncia de Bento XVI, em 2013, Francisco elaborou seu primeiro quirógrafo, determinando a supervisão do funcionamento do Banco do Vaticano, uma instituição marcada por escândalos financeiros. A missão do grupo era harmonizar o banco com a missão da Igreja Católica.

Francisco enfrenta não apenas oposição da ala conservadora da Igreja, devido às suas atitudes progressistas, mas também resistência de setores da Cúria Romana, o braço administrativo do Vaticano, que se opõem a cortes mais profundos no orçamento da instituição.

De acordo com a agência Reuters, chefes de departamentos do Vaticano, incluindo cardeais de alta hierarquia, se opuseram a propostas de economia mais rigorosas em uma reunião no final de 2024. Eles também discordaram do desejo do papa de buscar financiamento externo para corrigir o déficit financeiro.

As finanças do Vaticano não são públicas, mas um relatório confidencial de 2024, conforme a Reuters, apontava um déficit de 83 milhões de euros, apesar de algumas medidas de contenção de gastos, como a redução dos salários dos cardeais. Dois anos antes, o déficit havia sido de 33 milhões de euros, evidenciando a urgência de uma reforma fiscal.

Apesar de ter finanças próprias, o Vaticano não arrecada impostos nem emite títulos de dívida. Ao mesmo tempo, mantém um fundo de pensões e enfrenta um aumento nas dívidas. Os lucros com a administração de cerca de 5.000 propriedades, doações e turismo não são suficientes para cobrir os gastos crescentes, como a preservação do vasto acervo do Museu do Vaticano, que tem registrado recordes de visitação desde o fim da pandemia. O Jubileu, portanto, surge em um momento estratégico, mas os números indicam que mais medidas são necessárias.

A nova comissão, conforme o quirógrafo, terá a missão de estimular doações de fiéis e de organizações como conferências episcopais, como a CNBB no Brasil, e fundos assistenciais geridos por católicos.

No entanto, Francisco ressalta que o esforço não pode prejudicar as obras de caridade em andamento, um dos pontos levantados pelos cardeais que se opõem aos cortes, temendo que isso afete o trabalho pastoral em regiões carentes do mundo.

A Igreja Católica, de forma descentralizada, é organizada em dioceses, com cada uma delas responsável por suas próprias finanças. Assim, as contas do Vaticano são uma questão à parte. Mesmo em meio à fragilidade de sua saúde e a especulações sobre uma possível renúncia, Francisco demonstra que segue firme no propósito de enfrentar os problemas financeiros que afligem a instituição.

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