Eternizada na canção “Carta ao Tom 74”, de Vinícius de Moraes e Toquinho, a rua Nascimento Silva, em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, foi o refúgio de outro morador ilustre além de Tom Jobim: o cantor e compositor Renato Russo, líder da Legião Urbana.
O apartamento de 136 m², com três quartos, duas salas e outros cômodos amplos, onde o músico morou entre 1990 e 1996, está sendo negociado discretamente no mercado imobiliário. Avaliado em R$ 2,8 milhões, o imóvel está situado em uma rua tranquila, entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e a praia de Ipanema. O edifício tem um apartamento por andar e preserva características originais, como a mesa embutida no quarto onde Renato criou cinco discos e posou para reportagens com sua vasta coleção de CDs e livros.
Após a morte do artista, aos 36 anos, em decorrência da Aids, o apartamento foi herdado por seu filho, Giuliano Manfredini, na época com apenas sete anos. O imóvel recebe, em média, duas a três visitas por mês de clientes realmente interessados em comprá-lo. “Há muitos curiosos também”, conta Jefferson Joviano, da Joviano Imóveis, responsável pela venda.
Segundo o corretor, é comum que turistas de outros estados se façam passar por potenciais compradores apenas para visitar o local onde Renato viveu até seus últimos dias. “Quando eles descobrem a história do imóvel, é uma euforia, querem ficar mais tempo, observam cada detalhe”, relata.
A venda do imóvel, que ocorre de maneira discreta desde 2023, é exclusiva do corretor, e foi uma escolha do herdeiro. Durante duas décadas, o apartamento ficou fechado, abrigando o vasto acervo do cantor. O edifício, construído em 1938, mantém sua fachada original de tijolos aparentes, não possui elevador nem porteiro, e conta com uma vaga de garagem por morador. Nenhuma obra foi realizada no imóvel após a morte de Renato, e o piso de taco está em bom estado, considerando a idade da construção.
O apartamento conta com uma decoração simples, porém acolhedora, como recordado pelo ator e amigo de Russo, Mauricio Branco. Em suas visitas, ele recorda uma casa com sofás, mesas com porta-retratos, almofadas coloridas e uma mesa onde Renato costumava realizar sessões de tarô para amigos. A coleção de CDs, filmes e livros de Renato também se encontrava no home office montado no quarto.
Além dos móveis remanescentes, como um sofá de dois lugares e um aparador de madeira, o apartamento também guarda um painel com a imagem do artista no palco, parcialmente desmontado, e um carro Ômega GLS de 1996, que pertenceu ao músico. No entanto, o veículo não está à venda e será destinado a outro fim quando a negociação do imóvel for finalizada.
Em 2023, o edifício recebeu a placa azul de Patrimônio Cultural da Prefeitura do Rio de Janeiro, integrando o Circuito da Música. Durante sua carreira, a Legião Urbana vendeu quase seis milhões de discos e Renato Russo deixou um legado duradouro, não apenas como artista, mas como ícone da juventude brasileira.
Ex-cobertura de Vinícius de Moraes está disponível para locação
A apenas 700 metros da residência de Renato Russo, na rua Prudente de Morais, no edifício do Teatro Ipanema (hoje Teatro Rubens Corrêa), morou o poeta Vinícius de Moraes. A cobertura de mais de 100 metros quadrados foi posteriormente dividida em duas unidades e está disponível para locação por temporada, com diárias a partir de R$ 700. A unidade maior possui terraço, bar e sauna, acomodando até três pessoas, enquanto a outra unidade pode receber até quatro hóspedes. O atual proprietário, Alexandre Veiga, conta que os hóspedes sempre ficam encantados ao saber que estiveram no lar que pertenceu ao poeta e que também teve importância histórica no teatro de 1968.
@midiafestof