Morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, o Papa Francisco, primeiro pontífice latino-americano e jesuíta a liderar a Igreja Católica. Seu legado será lembrado por romper paradigmas, enfrentar temas sensíveis com coragem e deixar uma marca indelével na história recente da Igreja. Desde que foi eleito em 2013, o argentino Jorge Mario Bergoglio guiou a instituição com uma visão voltada aos pobres, à inclusão e à modernização.
Logo ao assumir o papado, Francisco sinalizou suas prioridades: escolheu seu nome em homenagem a São Francisco de Assis, patrono dos pobres, e adotou como lema “Miserando atque eligendo” — “Olhou-o com misericórdia e o escolheu”, expressão que sintetizou sua missão pastoral.
Francisco não se esquivou dos grandes dilemas do mundo contemporâneo. Condenou a violência e o autoritarismo, criticou líderes como Vladimir Putin e Benjamin Netanyahu, e apontou a omissão da União Europeia diante da crise migratória. Tornou-se uma das principais vozes globais em defesa da paz, da justiça social e dos direitos humanos.
Durante a pandemia de Covid-19, protagonizou uma das cenas mais comoventes de seu pontificado: sozinho na Praça São Pedro, sob chuva, orou por um mundo adoecido. A imagem do papa solitário tornou-se um símbolo de esperança e resiliência.
Internamente, promoveu reformas significativas na estrutura do Vaticano, especialmente na gestão econômica e financeira. Deu continuidade ao processo de transparência iniciado por Bento XVI, atuando contra irregularidades no banco do Vaticano e modernizando a Cúria Romana.
Apesar dos desafios físicos — sofria com dores crônicas no quadril e problemas de mobilidade —, Francisco jamais cogitou seriamente a renúncia. “Estou indo em frente”, disse certa vez, mesmo após indicar, anos antes, que seu pontificado poderia ser breve.
Foi um papa de gestos simbólicos e palavras transformadoras. Convidou um homem trans ao Vaticano, defendeu o acolhimento a homossexuais e propôs uma Igreja menos rígida, mais próxima dos marginalizados. “A Igreja deve ser um hospital de campanha, não um posto alfandegário”, afirmou.
Segundo o vaticanista Marco Politi, Francisco promoveu uma verdadeira “revolução nos passos do Concílio Vaticano II”, abrindo espaço para uma abordagem mais humana e pastoral da fé.
Seu legado de misericórdia, compaixão e renovação permanecerá como um dos mais profundos e marcantes da Igreja Católica no século XXI.
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