Em meio ao avanço acelerado das tecnologias digitais, a inteligência artificial (IA) tem impulsionado inovações em diversas áreas, como medicina, educação e comunicação. Porém, o mesmo poder que transforma positivamente a sociedade também tem sido explorado por criminosos para aplicar golpes cada vez mais sofisticados — difíceis de identificar e com impactos devastadores.
Especialistas alertam que a combinação entre IA generativa e técnicas tradicionais de engenharia social criou o cenário ideal para o surgimento de fraudes altamente convincentes, principalmente por telefone e em ambientes digitais.
Golpes com voz clonada: a nova arma dos criminosos
Um dos tipos de golpe que mais têm crescido recentemente é o da clonagem de voz. Com apenas alguns segundos de áudio — muitas vezes extraídos de vídeos postados em redes sociais ou mensagens de voz em aplicativos — criminosos conseguem replicar com fidelidade a voz de uma pessoa.
Essas vozes são utilizadas em chamadas falsas, nas quais o golpista se passa por um parente próximo, como um filho ou filha, em uma situação desesperadora. O objetivo é gerar pânico e pressionar a vítima a transferir dinheiro imediatamente, sem tempo para confirmar a veracidade do pedido. A semelhança vocal é tão realista que, em muitos casos, nem mesmo familiares próximos percebem que se trata de uma fraude.
Deepfakes e vídeos falsos: a evolução da fraude
Outra ameaça crescente são os deepfakes, vídeos manipulados com IA que simulam com precisão rostos, movimentos faciais e vozes. Em um caso registrado na Ásia, um executivo foi enganado durante uma videochamada com pessoas que pareciam ser seus colegas de trabalho — mas eram apenas avatares gerados artificialmente. O resultado foi a transferência de milhões de dólares.
No Brasil, ainda são poucos os casos registrados com uso de deepfakes em vídeo, mas especialistas alertam que o país já enfrenta tentativas semelhantes, principalmente em fraudes corporativas e golpes de investimentos.
Telefone ainda é a principal porta de entrada
Apesar da sofisticação das ferramentas digitais, o telefone continua sendo a principal via de ataque dos golpistas. Isso ocorre porque é um meio de comunicação direto, rápido e acessível a todas as faixas etárias e classes sociais.
Ao utilizar a IA para simular vozes conhecidas, os criminosos criam uma falsa sensação de urgência. Sob pressão emocional, a vítima é induzida a fornecer dados sensíveis como senhas, códigos de autenticação ou informações bancárias.
Como se proteger desses golpes
Diante de golpes cada vez mais realistas, adotar medidas preventivas é fundamental. Veja algumas recomendações:
Desconfie de pedidos urgentes, mesmo que a voz pareça familiar. Se possível, desligue e ligue de volta usando um número já salvo em sua agenda.
Nunca compartilhe senhas, códigos ou dados bancários por telefone. Instituições financeiras legítimas não solicitam essas informações dessa forma.
Ative a verificação em duas etapas em aplicativos bancários, redes sociais e serviços online.
Evite postar áudios e vídeos com sua voz em ambientes públicos e revise suas configurações de privacidade nas redes sociais.
Converse com familiares e, principalmente, com idosos, que são alvos frequentes, sobre a existência desse tipo de golpe.
E se eu for vítima?
Se você suspeitar que caiu em um golpe, o tempo é essencial. Siga estas etapas:
Entre em contato com o banco imediatamente para bloquear contas ou cartões.
Registre um boletim de ocorrência, presencialmente ou na Delegacia Virtual do seu estado.
Avise seus contatos, para que não sejam enganados por mensagens ou ligações em seu nome.
Procure orientação jurídica e psicológica, se necessário, para lidar com as consequências.
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